Saudações Companheiros!

A luta deles é para segregar, a nossa luta é para unificar. Nossa luta não é a luta do contrapoder: é a luta do antipoder. John Holloway

sábado, 20 de agosto de 2011

A cidade não será jogada para escanteio: contra as remoções, em defesa de uma Fortaleza popular!


Fortaleza é uma das vinte cidades mais desiguais do mundo. Aqui, tem tudo para poucos. Os/as trabalhadores/as sofrem com a falta de moradia, saúde, saneamento, transporte, educação e emprego. Como se esses problemas não existissem, mais de R$ 9 bilhões serão investidos em obras para que receba jogos da Copa do Mundo, dentre elas a ampliação do aeroporto, o alargamento de avenidas  e a construção do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), um metrô que vai ligar o Mucuripe ao Castelão.
Dizem que a Copa beneficiará toda a cidade. Na verdade, são projetos da burguesia que ameaçam milhares de famílias moradoras de locais de interesse da especulação imobiliária. Várias obras não tem nada a ver com a Copa, como “Acquario”, estrada para resort “Aquiraz Golf Beach”, Centro de Eventos, etc. O ritmo acelerado das obras aumentam o número de mortes dos/as trabalhadores/as da construção civil. Só este ano, já foram 17 mortos em Fortaleza, enquanto em todo o ano passado foram 9.
O VLT servirá para expulsar os mais pobres. No seu caminho existem desvios para que empresas e terrenos vazios de grandes grupos empresariais não sejam atingidos. Já a comunidade Aldacir Barbosa, umas das doze afetadas pelo VLT, viu o próprio Cid Gomes (PSB) intimidar as pessoas para abandonarem suas casas. Depois das 20h, cercado por seguranças e por policiais, Cid impôs uma “merreca” ou a remoção para bairros distantes, onde já existe a necessidade de mais transporte, escolas e postos de saúde, não de mais gente! No Montese, ofereceram até R$ 4mil por uma casa, o que não paga nem as paredes. Sequer alternativas ao projeto foram consideradas. Fica claro que esta é uma política de “limpeza” social. Para favorecer mais uma vez os ricos, o Governo não respeita as leis nem mesmo o Ministério Público, que havia recomendado suspender as desapropriações.
Já o BNDES, um banco público, usará o dinheiro do povo para garantir as obras que removerão o próprio povo trabalhador. Mais de R$ 351,5 milhões vão só para a reforma do Castelão e mais milhões para hotéis luxuosos, que ameaçarão a vida de indígenas e de pescadores. O Estado ficará ainda mais endividado. A Fifa não pagará nem os impostos que pagamos todos os dias. O dinheiro público que deveria pagar o piso para os/as professores, construir hospitais, escolas e creches está sendo desviado para os “cartolas” da Fifa e de outras empresas. 
Toda a cidade, movimentos populares, sindicatos, associações de moradores, pescadores, indígenas, estudantes e trabalhadores/as somos atingidos pela Copa.  Somos todos/as ameaçados pelo autoritarismo de Cid Gomes, que propôs a criação de uma zona de militarização, uma área de segurança ao redor dele, para isolar o governador e impedir a realização de manifestações. Os direitos de todos/as poderão ser suspensos nessas áreas.
Devemos estar juntos/as denunciando os ataques aos nossos direitos, as remoções das comunidades, o favorecimento dos ricos. Devemos estar juntos/as nas ruas, fortalecendo a resistência popular. Nós reivindicamos:

- A garantia de NÃO REMOÇÃO DAS FAMÍLIAS ATINGIDAS PELAS OBRAS DA COPA.
- Elaboração de outro projeto de VLT sem previsões de remoção e não aprovação do EIA/RIMA para que as famílias permaneçam em seus locais de moradia, algumas há mais de 70 anos, de acordo com a lei ambiental, a Lei Orgânica, o Plano Diretor de Fortaleza e a recomendação do Ministério Público Federal.
- Construção de casas para quem já luta por moradia, como é o caso das comunidades Raízes da Praia, Morro da Vitória, Serviluz.
- Infraestrutura e saneamento básico para o Conjunto Palmeiras, ameaçado pelo “Projeto Rio Cocó”, onde mais de 200 casas estão com marcas que anunciam a remoção;
- Fim da intimidação do Governador Cid Gomes, que além de tentar convencer as famílias a deixarem suas casas, agora quer proibir manifestações na cidade. A Ditadura já acabou!

Comitê Popular da Copa - Agosto de 2011

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