Saudações Companheiros!

A luta deles é para segregar, a nossa luta é para unificar. Nossa luta não é a luta do contrapoder: é a luta do antipoder. John Holloway

domingo, 21 de agosto de 2011

Artigo- Confira: http://virtual.diariodonordeste.com.br/home.aspx


Nos últimos dias fomos acometidos com o prenúncio de uma grave crise econômica em escala planetária, e que em questões dias poderá ocasionar um cataclisma sem precedentes na história da humanidade. É importante atentar que o ovo da serpente já vinha sendo gestado e acalentado pela voracidade e irresponsabilidade do setor financeiro internacional.

Mesmo com uma vasta disponibilidade de indícios empíricos e de acúmulo teórico de análise crítica das forças destrutivas do processo de financeirização do mundo e que se o ovo da serpente eclodisse traria uma grande bancarrota nas economias de todas as partes, os defensores da atual ciranda financeira ávidos por lucro fácil continuaram insistindo em um modelo que já apresentava de forma contundente através de outras crises o seu total esgarçamento.

Os efeitos nocivos mais visíveis são a exacerbada acumulação de riqueza em poucas mãos à custa de uma espantosa pilhagem da natureza e do empobrecimento da grande maioria dos povos.

Os arautos do capitalismo financeiro, sob os auspícios dos ideários neoliberais "venderam" para o mundo o mito do discurso único sobre a incontestável globalização econômica, fundado na premissa da auto regulação dos mercados como a grande dádiva para a sociedade moderna.

Esta acarretaria uma homogeneização progressiva das riquezas, e do desenvolvimento por meio do livre comércio e da completa liberdade de circulação dos capitais privados, o que acabaria conduzindo a humanidade na direção de um governo global, uma paz perpétua e uma "democracia cosmopolita".

No entanto, a financeirização do mundo fundada no capital especulativo na autonomia incondicional das autoridades monetárias e no sobre-endividamento das economias, ergue-se uma gigantesca pirâmide que concentra nas mãos de um punhado de corporações famélicas ditas globais quase 80% dos fluxos de capitais que circulam no mundo.

Enquanto durante alguns anos a economia dos EUA, e de alguns países da Europa cresceu, e muita gente ganhou dinheiro, à custa da agiotagem e do surrupiamento das riquezas dos países pobres.

Fez-se vistas grossa a esse monumental ovo financeiro que, ao partir-se, liberou a serpente da crise que tomou o mundo de roldão.

O momento da atual crise é cheio de incertezas. Mas uma certeza é evidente, é preciso que a sociedade global tome conhecimento que as medidas paliativas que estão sendo adotadas pela Europa e Estado Unidos como pacotes de austeridade com corte nas despesas públicas e aumento da pressão fiscal sobre os segmentos mais desprotegidos da população não surtirão os efeitos necessários a superação desta grave crise. É oportuno observar que antídotos dessa natureza já foram adotados em outras crises econômicas, trouxeram apenas efeitos de retardo e falsa calmaria.

Aparentemente, isolados em seus suntuosos palácios, os grandes líderes mundiais responsáveis diretos pela condução do destino das economias não enxergam a gravidade da crise na qual todos nós estamos inseridos e que exige urgentemente uma mudança de paradigma civilizacional.

Quer dizer: há um ovo de serpente depositado e um monstro em gestação.

Sergiano de Lima Araújo - geógrafo e professor universitário

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