Saudações Companheiros!

A luta deles é para segregar, a nossa luta é para unificar. Nossa luta não é a luta do contrapoder: é a luta do antipoder. John Holloway

sexta-feira, 20 de abril de 2012

O “AMIGO” DA UNIVERSIDADE E A IMPLANTAÇÃO DO VOLUNTARIADO NA EDUCAÇÃO SUPERIOR




No dia 30 de março de 2012, segundo o site da própria UVA, na reunião do Conselho Universitário (CONSUNI), a reitoria da UVA tirou da manga mais uma peça de sua política neoliberal de desvalorização e desqualificação da nossa instituição — o professor voluntário!!!

A instituição da figura do professor voluntário, assim como a do professor colaborador, visa a precarização do trabalho docente, a fragilização da luta docente por concurso público para professor efetivo e o aligeiramento do ensino superior. Como sabemos, a precarização do trabalho docente se efetiva mediante diversas formas: jornada de trabalho ampliada, perda de autonomia intelectual, baixos salários, contratos temporários, dentre outras.

Em nosso entendimento, a implantação do professor voluntário não tem nenhuma justificativa pedagógica, acadêmica ou científica. Sua existência tem a ver com o arrocho fiscal, com a política deliberada de não realização de concurso público e destruição dos serviços públicos. Essa política, além de nefasta, é de uma crueldade sem par, pois os nossos jovens são oriundos de famílias de baixa renda e precisam de um ensino de qualidade para prepará-los condignamente para a vida profissional e para inseri-los na vida social e política do estado e do país.

O professor voluntário é a retomada do discurso apresentado de forma midiática — o “amigo” da escola, o voluntariado — agora, na educação superior. Tal discurso e prática prestam um desserviço à comunidade acadêmica, pois joga água no moinho do processo, já avançado de privatização da instituição.  

A reitoria atual é a vanguarda do atraso, pois não tem em seu horizonte político a defesa do patrimônio cultural da região norte do Ceará materializado na Universidade Estadual Vale do Acaraú e nem a elevação do patamar cultural dos jovens da referida região. Isso fica evidente com o descalabro já causado à instituição pela privataria tucana (mudança do regime jurídico da UVA para fundação pública de direito privado em 1993, ausência de um prédio próprio da instituição transferindo milhares de reais por mês para o clero, nomeação de reitor por meio de processo absolutamente antidemocrático, professor colaborador, etc).

Nesse contexto, impõe-se como tarefa a refundação da UVA, sob bases públicas, e a ação da comunidade universitária em tomar para si o destino da instituição. A história nos ensina que é possível, pois, lembremos que, em pleno 1918, em Córdoba, na Argentina, os estudantes redefiniram o destino da Universidade de Córdoba ao se levantar contra as oligarquias, o clero e a burocracia universitária e exigir governo tripartite (alunos, professores e funcionários), ensino público, laico e democrático. Esse movimento ficou conhecido como reforma de Córdoba e se espraiou pela América Latina e pelo mundo chegando a influenciar alguns dirigentes do maio de 1968, na França.

Os problemas da UVA são decorrentes da falta de autonomia universitária (de gestão financeira, didático-pedagógica) e de gestão democrática. Só a nossa luta poderá refundar a UVA pública e o SINDIUVA, assim como o DCE, estão desfraldando a bandeira da Estatuinte, ponto de partida desse processo.

No dia 25 de abril, no Auditório do CCH, às 19 horas, estaremos deflagrando a Campanha pela Estatuinte com a palestra do professor Cesar Minto, (Prof. da USP e da Diretoria do Andes), e sua presença é fundamental pois como diz Bertold Brecht:



Quem for derrubado, que se levante!

Quem estiver perdido, lute!

 Pois os vencidos de hoje são os vencedores de amanhã

 E o nunca se faz: Hoje ainda!



 Estatuinte Já! Concurso Público para Professor Efetivo! Assistência Estudantil! Eleições Diretas e Paritárias para Reitor e demais órgãos diretivos! Autonomia e Democracia Universitárias!



SINDIUVA

DCE

terça-feira, 3 de abril de 2012

Queremos Assistência Estudantil, não esmola!

& Centros Acadêmicos

Durante os mais de 40 anos de UEVA uma das pautas principais do Movimento Estudantil foi, e ainda é, a assistência estudantil, representada principalmente pelos tão aclamados R.U’ s (restaurante e residência universitários).
No entanto, apesar de tanta luta a universidade utiliza suas verbas para reformar o estacionamento e alguns setores da UEVA com o objetivo de maquiar a real situação de precarização, ao invés de investir na construção dos R.U’s. O que a universidade apresenta como Assistência Estudantil são, na verdade, medidas paliativas, como o PBU, em que a maioria das bolsas são destinadas para os estudantes trabalharem em coordenações, pró-reitorias etc. Ocupando cargos que deveriam ser ocupados por funcionários da IES.
No semestre de 2012.1 surge mais um absurdo, o Auxilio Alimentação, absurdo começando pelo valor, apenas R$ 101. Considerando o valor dos aluguéis, custos com alimentação e os textos semanais, desconfiamos
que os míseros R$ 101 reais não sejam suficientes para suprir as necessidades dos estudantes. Além disso, os estudantes que desejam participar da concessão de Auxílio Alimentação não podem possuir outras atividades remuneradas, nem contemplados com outras modalidades de bolsas, ou seja, o estudante deve sobreviver com a ''fortuna'' de R$ 101.
Dentro dessa conjuntura, afirmamos que os estudantes da UEVA almejam políticas Estudantis que garantam sua permanência na Universidade, ou seja, queremos Assistência Estudantil, não esmola!

DCE & Centros Acadêmicos

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Carta Aberta



CARTA ABERTA À SOCIEDADE CEARENSE, AO GOVERNADOR DO ESTADO DO CEARÁ, CID GOMES, E À PRESIDENTA DO BRASIL, DILMA ROUSSEF, EM OCASIÃO DA ASSINATURA DA ORDEM DE SERVIÇO DO VLT, OBRA DE REMOÇÃO DE NOSSO POVO TRABALHADOR

É com profundo e revoltante pesar que nós, moradores das Comunidades dos Trilhos, organizadas no Movimento de Luta em Defesa da Moradia (MLDM), lançamos esta nota pública ao conhecimento da ampla sociedade brasileira e cearense que acompanha solidariamente nossos anos de luta para a permanência de nossas famílias, avós, netos, pais e filhos em nosso lugar de moradia.

Hoje, dia 27 de fevereiro de 2012, manifestamos o nosso pleno e total desacordo com o ato da Presidenta Dilma Roussef no que se refere à assinatura da ordem de serviço para a construção do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), metrô de superfície que será construído ao longo de 12,7 km dentro Fortaleza, passando por 22 bairros e dezenas de comunidades em Fortaleza-CE, atingindo quatro mil (4.000) de nossas famílias. Durante estes longos dois anos de pressão por parte do Governo, sofremos com a ação de várias empresas terceirizadas que, a serviço do Estado, percorreram as comunidades para realizar cadastros, marcar e medir nossas casas. Para tanto, fizeram uso constante dos mais inescrupulosos recursos: moradores, incluindo idosos, foram ameaçados e intimidados; inúmeras casas foram marcadas sem o conhecimento e consentimento dos moradores; nossos domicílios e nossa intimidade foram violados; documentos foram recolhidos sem explicação.
Desde que Fortaleza fora escolhida como sede da Copa do Mundo de 2014 nossa vida mudou. Ao invés de trazer melhorias para nosso povo, a Copa vai trazer a maldade da remoção forçada em massa, da segregação e da higienização social. Longe de ser um evento esportivo para o nosso povo, a Copa em Fortaleza vai beneficiar principalmente, e talvez unicamente, os grandes empresários do setor hoteleiro, da construção civil e a FIFA, deixando um legado irreparável para as pessoas afetadas pelas grandes obras, como é o caso do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), metrô de acesso ao estádio.

Muito se fala e defende sobre os benefícios que o Mundial trará para Fortaleza, mas pouco se lembra ou mesmo se discute sobre os legados negativos para nós, moradores. Desta forma, alertamos para as seguintes questões e demonstraremos a forma como os governos nos têm tratado.

1) A falta de diálogo, transparência e publicidade dos atos do poder público tem sido uma marca registrada de todo o processo. Isto teve início quando da publicação do Decreto de Desapropriação nº 30.263 de julho de 2010 que declarou de utilidade pública, para fins de desapropriação, área de 381.592, 87m2 ao longo de 15, 85 km. Desta área, 12,7 km correspondem às nossas casas. Isto fez com que se iniciasse uma intensa guerra psicológica demonstrando o profundo desacordo no que se refere ao próprio Plano Diretor de Fortaleza quando diz que a gestão da cidade será democrática, incorporando a participação dos diferentes segmentos da sociedade em sua formulação, execução e acompanhamento, garantindo a participação popular e a descentralização das ações e processos de tomada de decisões públicas em assuntos de interesses sociais (art. 3º, § 4º, inc. I).

2) O projeto do VLT está orçado em aproximadamente R$ 265 milhões. No entanto, o valor das indenizações será baixíssimo, demonstrando uma clara desproporção e desimportância que o poder público dá ao nosso povo. O valor indenizatório será levado em conta apenas as benfeitorias, o que torna os valores pagos insuficientes para a aquisição de novas casas no mesmo bairro e em condições dignas de moradia. A única opção que nos tem sido imposta é a do trator e das escavadeiras.

3) O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o seu respectivo relatório (RIMA) não valoraram e nem apresentaram alternativas tecnológicas de engenharia para o VLT, como o Bus Rapid Transit (BRT) que será utilizado em outras cidades. Também não foram apresentadas alternativas locacionais de trajeto em outras vias ou caminhos para a obra de modo a não envolver remoções do nosso povo. Ignoraram-se também os pedidos formais de nossas comunidades para realização de mais Audiências Públicas sendo expedida a Licença de Instalação, pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente (COEMA), em 02 de setembro de 2011.

4) Mesmo contando com ampla articulação entre a Defensoria Pública da União, Defensoria Pública Geral do Estado do Ceará e Ministério Público Federal na defesa dos nossos direitos por via de ações judiciais; e da Superintendência Estadual do Meio Ambiente, que proferiu parecer desfavorável ao VLT, prevaleceu o autoritarismo político. Isso demonstra o claro perfil de classe do judiciário e do governo brasileiro que não está a favor das causas populares. Exemplo disso foi o que aconteceu em São José dos Campos com as famílias do Pinheirinho. Esta covardia está gravada em nossa memória.

5) A proposta vastamente veiculada na imprensa e pelo Governo do Estado do Ceará situa o nosso novo local de moradia no José Walter, área já limite de Fortaleza. Para muitas comunidades esta distância é de 14 km da atual moradia e em uma área onde já residem mil e duzentas (1.200) famílias que há dois anos esperam a construção de um conjunto habitacional. Esta proposta de remoção e assentamento em local distante é um abuso. A própria Lei Orgânica do Município de Fortaleza prevê a consulta obrigatória e acordo de pelo menos dois terços da população atingida, assegurando o reassentamento no mesmo bairro (art. 149, inc. I, b). Trata-se de um verdadeiro estado de ilegalidade.

6) A Lei Estadual nº 15.056 de 06 de dezembro de 2011, aprovada pela Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, em regime de urgência de modo a não dar tempo para a discussão ou mesmo para permitir que as comunidades conhecessem melhor o seu texto antecipadamente, prevê a forma indecente como serão realizadas as desapropriações. Vale salientar que várias de nossas comunidades só souberam da aprovação da lei vários dias depois. Em várias ocasiões exigimos que nos fosse apresentado e discutido um projeto alternativo que não envolvesse remoções, bem como que se tratasse com mais cautela o valor das indenizações. No entanto, só tivemos como resposta o silêncio, o descaso e a indiferença. Fomos, portanto, surpreendidos com a aprovação da citada lei.

7) Além de impor várias situações problemáticas e injustas para nosso povo, a citada Lei Estadual nº 15.056 estipula que, caso não concordemos com os seus termos, somente receberemos o baixo valor da indenização, uma vez que, para a grande maioria das nossas famílias, as indenizações se referem ao valor das benfeitorias. Isto nos tira a possibilidade de escolher onde morar, pois não poderemos comprar imóveis próximos do nosso local de moradia atual tendo que nos sujeitar ir para um conjunto habitacional inexistente e abusivamente distante.

8) A omissão histórica do Poder Público em realizar as políticas de regularização fundiária nos deixa atados e prejudicados, pois para a grande maioria é imposta uma indenização baseada na benfeitoria e não no valor da terra, na propriedade. A regularização fundiária trata-se de uma responsabilidade a ser facilitada e empreendida também pelo Estado, contudo hoje as comunidades pagam pela irresponsabilidade dos Governos. Não passa pela nossa cabeça ter que sair daqui, pois pelo tempo já temos o nosso direito à moradia, uma vez que muitos de nós vivemos aqui há 70 anos!

9) Por fim, o que se apresenta é a violação do direito humano à moradia para as nossas presentes e futuras gerações. Alertamos também para a questão dos nossos empregos, pois trabalhamos próximos da nossa moradia; e para a educação dos nossos filhos e filhas, que estudam no próprio bairro. Tudo isso em troca de uma obra de mobilidade urbana de discutível demanda que endividará os cofres públicos.

Desta maneira, mantivemos por dois anos exigências claras direcionadas ao Poder Público e estamos plenamente convictos de que ele as tinha sobre seu o conhecimento: exigimos que o VLT fosse construído em outro lugar, valorando alternativas ou passando pelas próprias avenidas; exigimos que o Governo parasse as marcações, os cadastros, as avaliações das nossas casas e a pressão psicológica que fez com que nossos parentes adoecessem e alguns deles, inclusive, falecessem; exigimos que se reconhecesse o direito de podermos autodeterminar o nosso local de moradia e permanecermos no local de sempre, pois é aqui que construímos nossas vidas, nossos empregos, nossas escolas e criamos nossos filhos e filhas.

Para nós, tal situação deve ser tratada, repetimos, como verdadeira remoção forçada em massa e higienização social, pois apresenta o pagamento de indenizações irrisórias ou então ir morar em um lugar inexistente, sem qualquer preocupação com os grupos vulneráveis existentes na área e destituindo milhares de nossos moradores, não apenas de suas casas, mas de toda a rede de relações sociais e da possibilidade de acesso a equipamentos e serviços fundamentais como escolas, hospitais, postos de saúde, oportunidades de trabalho e renda. Diante dessa situação, exigimos responsabilidade do poder público no âmbito municipal, estadual e federal.

É por isso que este governo nos envergonha!

Nenhuma casa abaixo, nenhum direito a menos!


Fortaleza/CE, 27 de fevereiro de 2012



MOVIMENTO DE LUTA EM DEFESA DA MORADIA (MLDM)

Comunidade Trilha do Senhor
Comunidade Aldacir Barbosa
Comunidade Dom Oscar Romero
Comunidade São Vicente
Comunidade Rio Pardo
Comunidade Jangadeiros
Comunidade João XXXIII (Pau Pelado)
Comunidade do Pio XII
Comunidades do Lagamar
Comunidades do Vila União
Comunidades do Mucuripe

VOTAÇÃO CINE DCE!

Escolha qual desses filmes você quer ver curtindo ou compartilhando no facebook do DCE... PARTICIPEM! 


domingo, 1 de abril de 2012

Inviáveis soluções para as crises

Geógrafo britânico David Harvey alerta para incapacidade do capital em resolver seus problemas

Maria Luisa Mendonça e Fábio T. Pitta
de São Paulo (SP)



O geógrafo britânico David Harvey é um dos principais intelectuais marxistas hoje e está entre os vinte cientistas sociais mais citados em todo o mundo. Atualmente é professor na City University of New York e esteve no Brasil recentemente para o lançamento de seu livro O Enigma do Capital e as Crises do Capitalismo, publicado pela Editora Boitempo. A análise de Harvey sobre a crise no modo de produção capitalista tem sido sistemática nas últimas décadas, desde o livro clássico The Limits to Capital (Os Limites do Capital) publicado originalmente em 1982. O autor resgata o pensamento de Marx de forma complexa e ao mesmo tempo didática, para mostrar criticamente as contradições inerentes ao capitalismo, com a intenção de apontar possibilidades de superação deste modo de produção.  

Brasil de Fato – O senhor tem analisado o processo de crise há bastante tempo, especialmente desde seu livro Os Limites do Capital. Como caracteriza estes limites no contexto da atual crise? Seria possível dizer que existe um processo simultâneo de crise e acumulação de capital?

David Harvey – Inicialmente é preciso entender que o capital nunca resolve seus problemas, apenas os transfere para outro lugar. Há hoje um aumento na velocidade com que essa transferência é feita, pois o movimento do capital é determinado de acordo com o jogo de poder político, que protege uma pequena elite financeira. Nos Estados Unidos, a grande maioria da população continuará a sofrer os efeitos da crise, que parece ter chegado a um patamar político. Ou seja, eu vejo que a crise, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa, é mais política do que econômica. Por isso a crise se estende e aumenta, de acordo com os interesses de uma pequena classe de capitalistas. Vemos uma crescente concentração de riqueza no Brasil, na Índia, na China e, é claro, nos Estados Unidos.        

Como o senhor avalia as saídas tradicionais que têm sido utilizadas para lidar com a crise, sejam neoliberais ou keynesianas? Quais os limites destas receitas? É possível diferenciar estes dois campos ou o que vemos é transferência de mais-valia social para o setor privado através do aparelho estatal?    

A expansão da economia nos Estados Unidos nas últimas décadas se deve em grande parte ao crescimento do mercado imobiliário – o que veio a causar a bolha financeira neste setor. Isso mostra que não é possível sair da crise através das alternativas tradicionais. Ao mesmo tempo, vemos que o mesmo processo de acumulação está acontecendo na China, onde se desenvolvem grandes projetos imobiliários e de infraestrutura. De certa forma, a China está implantando um projeto semelhante ao que ocorreu nos Estados Unidos na década de 1950, com a expansão dos subúrbios urbanos e a construção de rodovias, estimulada pela indústria automobilística. Podemos identificar este tipo de saída keynesiana ocorrendo no capitalismo global onde há crescimento, inclusive crescimento acelerado. Na América Latina, vimos revoltas contra o velho estilo do neoliberalismo e hoje há uma tendência keynesiana na economia. Já em países onde a receita neoliberal tem sido aplicada, como Europa e Estados Unidos, a crise se agrava. Mas é claro que isso não significa que o capitalismo global será salvo se todos se tornarem keynesianos. Os limites do sistema keynesiano já estão aparecendo na China, onde há uma superprodução de infraestrutura, uma bolha de ativos econômicos e aumento da inflação. Creio que podemos observar o mesmo processo na Argentina e no Brasil, o que revela os limites tradicionais do modelo keynesiano.     

No livro O Enigma do Capital o senhor caracteriza a crise atual de forma distinta das crises cíclicas, como na concepção de ciclos de Kondratieff, de queda tendencial da taxa de lucro ou da idéia de que as crises são consequência da queda do consumo ou do subconsumo. É possível dizer que a própria narrativa do livro mostra este processo?

O pensamento marxista tradicional imagina que exista uma única contradição através da qual as crises se desenvolvem no capitalismo. Porém, se observamos particularmente o segundo volume de O Capital, vemos que o que existe é um processo com vários momentos e, em cada um destes momentos, há a possibilidade de um bloqueio, o que gera a possibilidade de crise. Por exemplo, pode haver um bloqueio por falta de financiamento, como nos anos de 1970 quando os economistas falavam em “depressão financeira”. Isso levou ao processo de desregulamentação financeira, também caracterizado como “liberação de capital”. Mas ninguém fala sobre isso hoje. Naquele período havia uma classe trabalhadora mais organizada e o poder salarial era bem mais forte. Hoje isso não ocorre e, portanto, é difícil justificar a crise jogando a culpa nos sindicatos, como aconteceu anteriormente. No livro eu procuro mostrar que não é possível entender a crise a partir de um único lugar, mas perceber que há uma série de bloqueios, inclusive bloqueios em relação ao suprimento de energia ou recursos naturais. Eu procuro juntar estes elementos e pergunto: onde este processo está localizado hoje e para onde deverá ou poderá mover-se? Como o capital poderá superar um determinado bloqueio? Ou seja, eu não concentro a análise da crise em uma única explicação, como na diminuição do consumo ou na queda da taxa de lucro. Minha análise parte de uma combinação de fatores, que pode incluir todos estes elementos e por isso é preciso estudar concretamente. A teoria de Marx sobre a crise fala sobre possibilidades de crises. Por isso devemos procurar entender como essas possibilidades se transformam em realidade.   

Como o senhor vê a luta de classes hoje e os movimentos de protesto que falam em transformação através da idéia de que somos “os 99%”? 

Há dois tipos de possibilidades sendo debatidas. Uma seria manter o capitalismo através de mecanismos de retenção e regulação, o que poderia causar flutuações, mas não grandes fraturas. Seria uma forma de reorquestrar o capitalismo para que não causasse tantos danos como hoje, para promover mais igualdade, alguma distribuição de riqueza e sustentabilidade ambiental, como muitos na esquerda defendem. Outras pessoas dizem que não há saída no modo de produção capitalista e que é necessário buscar outras alternativas, com mudanças estruturais políticas e econômicas. É claro que as crises podem ocorrer em qualquer sistema, já que não é possível imaginar uma sociedade onde tudo funcionaria perfeitamente. Mas em um sistema não-capitalista as crises seriam de outro tipo. Acho que estamos nessa encruzilhada histórica, onde não temos muita segurança do que seria possível. Então surge o debate sobre reforma ou revolução. Eu acredito que há reformas que levam à revolução. As economias se tornaram tão interdependentes que uma proposta de revolução imediata poderia gerar catástrofes com muitas mortes. Então a questão seria avaliar que tipo de reformas teria um caráter revolucionário e levaria a outro sistema que abolisse a relação de classe, já que a essência do capitalismo é a relação entre capital e trabalho. Portanto, um projeto anticapitalista teria de erradicar a relação de classe. Há diversos movimentos pensando nessa direção como, por exemplo, as cooperativas de trabalhadores que recuperaram fábricas, mas alguns acabam reproduzindo um sistema de exploração capitalista, no qual os trabalhadores são seus próprios patrões. Portanto, não é suficiente pensarmos em termos de microeconomia, é necessário repensar a macroeconomia.     

Como o senhor vê o processo que descreveu como “acumulação por espoliação” na atualidade? Devemos analisá-lo como uma característica dos limites do capital ou como uma forma que o capitalismo encontra para, digamos, se reciclar?

Na medida em que o capital apresenta maior dificuldade para se sustentar, principalmente nos últimos 30 anos, aumenta a espoliação. Vemos hoje um enorme processo de expropriação e destruição de ativos e bens em várias partes do mundo, como no caso do mercado imobiliário, das poupanças e do roubo de direitos sociais, como no caso da saúde pública. Isso representa um enorme processo de acumulação por espoliação. Ao mesmo tempo, desde 2007, vemos uma enorme grilagem de terras por agentes particulares, empresas e governos em várias partes do mundo. A China, por exemplo, tem participado ativamente deste processo. Mas também vemos resistência política contra a espoliação. Estes movimentos de resistência podem se converter na base para uma transição anticapitalista. Além dos operários, todos os trabalhadores que produzem e reproduzem os centros urbanos e as organizações de luta pela terra podem se converter em um movimento massivo de construção de uma sociedade não-capitalista.   

Como o senhor analisa a possibilidade de uma nova guerra nesse momento de crise, dado o poderio bélico estadunidense armazenado?

Na verdade o que existe é uma guerra permanente em toda a história do capitalismo. Hoje os Estados Unidos estão envolvidos em duas guerras. Seria viável pensar em uma terceira frente de guerra? Eu não saberia responder. A questão é analisar qual o papel econômico da guerra, não apenas o aspecto geopolítico das guerras. Nos Estados Unidos há setores financeiros poderosos mesclados com a indústria bélica, que defendem a necessidade de desenvolver melhores tecnologias militares e com isso procuram justificar uma nova guerra. Por outro lado, seria possível resolver o problema da dívida nos Estados Unidos simplesmente cortando o orçamento militar, que representa o dobro de todos os gastos militares em nível mundial. Existem propostas nesse sentido, mas uma forma de evitar esses cortes seria iniciar outra guerra para justificar os gastos militares e, por isso, existe a possibilidade de uma ação contra o Irã. Ao invés de cortes nos gastos militares o que tem ocorrido são cortes nos programas sociais. Se analisarmos a relação entre a corrida armamentista e a dívida nos Estados Unidos, vemos que aumentou muito durante a Guerra Fria e o governo de Reagan, e seguiu aumentando nos governos de Bush.


CINE DCE!

PARTICIPEM....!!!


quinta-feira, 8 de março de 2012

EXPOSIÇÃO: MULHERES,A HISTÓRIA CONTADA POR ELAS



09 de Março
pelo DIA INTERNACIONAL DA MULHER
  • Exposição de Banners no Campus;
  • Palestra no CCH
  • Tema: As mulheres e os desafios feministas do Novo Milênio
  • Palestrantes: Dra Juliana Cronemberg de Negreiros (Promotora de Justiça)
    Mestranda Elzenita Alexandre (Tutora da Residência em Saúde da Família)
    Horário: 19 horas
Ivaldinete de Araújo Delmiro Gémes (Profa. Dra. do Curso de Ciências Sociais)
Não se nasce mulher, torna-se”
Simone de Bevouir

8 DE MARÇO - DIA INTERNACIONAL DE LUTA DA MULHER

"POR UM MUNDO ONDE SEJAMOS TOTALMENTE IGUAIS, HUMANAMENTE DIFERENTES E TOTALMENTE LIVRES" 

ROSA LUXEMBURGO 







quinta-feira, 1 de março de 2012

PROGRAMAÇÃO DO CONGRESSO DE ESTUDANTES DA UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ



07 de maio - Mesa de ABERTURA
08 de maio - Mesas de discussões
09 de maio - Grupos de discussões :
JUVENTUDE E MOVIMENTO ESTUDANTIL
MULHERES
CRISE AMBIENTAL
ESPORTE E MEGA EVENTOS
PNE E 10% DO PIB- Dra. Professora da UECE. Raquel Dias representante do ANDES
UNIVERSIDADE- Dra. Prof.Kátia Lima
ASSISTENCIA ESTUDANTIL- Dr.Prof Emmanuel Lima/ UVA. Ciências Sociais
SAÚDE COLETIVA- Marcia Assistente Social da Escola de Saúde da Família
DIVERSIDADE SEXUAL
NEGROS E NEGRAS
ACESSIBILIDAE E MOBILIDADE
CULTURA E VALORES


Manhã e noite ( confirme o melhor horario para o senhor ou senhora)
10 de maio- Plenária final para estudantes da UEVA

Blog do Congresso de Estudante da UEVA- CONUEVA 2012!

ACESSEM:



segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Rumo à Anarquia



por Errico Malatesta - 1910

É muito freqüente acreditar que pelo fato de dizermo-nos revolucionários, achamos que o advento da anarquia deva produzir-se de uma só vez, como conseqüência imediata de uma insurreição, que abateria de forma violenta tudo o que existe e o substituiria por instituições verdadeiramente novas. Para dizer a verdade, não faltam camaradas que assim concebem a revolução.

Este mal-entendido explica porque entre nossos adversários, muitos crêem, de boa fé, que a anarquia é uma coisa impossível; e isto também explica porque certos camaradas, vendo que a anarquia não pode medrar repentinamente, tendo em vista as condições morais atuais da massa, vivem entre um dogmatismo que os põe fora da vida real e um oportunismo que os faz quase esquecer que são anarquistas e, nesta qualidade, devem combater a favor da anarquia.

Ora, é certo que o triunfo da anarquia não pode ser efeito de um milagre, assim como não pode produzir-se a despeito de, e em contradição com a lei da evolução: que nada aconteça sem causa suficiente, que nada se possa fazer se faltar a força necessária.

Se quiséssemos substituir um governo por outro, isto é, impor nossa vontade aos outros, bastaria, para isto, adquirir a força material indispensável para abater os opressores e colocarmo-nos em seu lugar.

Mas, ao contrário, queremos a Anarquia, isto é, uma sociedade fundada sobre o livre e voluntário acordo, na qual ninguém possa impor sua vontade a outrem, onde todos possam fazer como bem entendem e concorrer voluntariamente para o bem-estar geral. Seu triunfo só será definitivo, universal, quando todos os homens não mais quiserem ser comandados nem comandar outras pessoas, e tiverem compreendido as vantagens da solidariedade para saber organizar um sistema social no qual não haverá mais marca de violência e de coação.

Por outro lado, assim como a consciência, a vontade, a capacidade, aumentam gradualmente e só podem encontrar oportunidade e meios de se desenvolverem na transformação gradual do meio e na realização das vontades à medida em que elas se formam e se tornam imperiosas; assim, também, a anarquia instaurar-se-á pouco a pouco, para se intensificar e se ampliar cada vez mais.

Não se trata, portanto, de chegar à anarquia hoje ou amanhã, ou em dez séculos, mas caminhar rumo a anarquia hoje, amanhã e sempre.

A anarquia é a abolição do roubo e da opressão do homem pelo homem, quer dizer, a abolição da propriedade individual e do governo; a anarquia é a destruição da miséria, da superstição e do ódio. Portanto, cada golpe desferido nas instituições da propriedade individual e do governo, é um passo rumo à anarquia, assim como cada mentira desvelada, cada parcela de atividade humana subtraída ao controle da autoridade, cada esforço tendendo a elevar a consciência popular e a aumentar o espírito de solidariedade e de iniciativa, assim como a igualar as condições.

O problema reside no fato de saber escolher a via que de fato nos aproxima da realização de nosso ideal, e de não confundir os verdadeiros progressos com essas reformas hipócritas, que, a pretexto de melhorias imediatas, tendem a afastar o povo da luta contra a autoridade e o capitalismo, a paralisar sua ação e a deixá-lo esperar que algo possa ser obtido pela bondade dos patrões e dos governantes. O problema consiste em saber empregar o quinhão de forças que possuímos e que adquirimos de modo mais econômico e mais útil ao nosso objetivo.

Hoje, em todos os países há um governo que, pela força brutal, impõe a lei a todos, obriga-nos a nos deixar explorar e a manter, quer isto nos agrade ou não, as instituições existentes, a impedir que as minorias possam colocar em ação suas idéias e que a organização social, em geral, possa modificar-se segundo as variações da opinião pública. O curso regular, pacífico, da evolução parou pela violência, e é pela violência que será preciso abrir-lhe caminho. É por isso que queremos a revolução violenta, hoje, e a queremos sempre assim, pelo tempo que quiserem impor a alguém, pela força, uma coisa contrária à sua vontade. Suprimida a violência governamental, nossa violência não teria mais razão de ser.

Não podemos, no momento, destruir o governo existente, talvez não possamos, amanhã, impedir que sobre as ruínas do atual governo, um outro surja; mas isto não nos impede, hoje, assim como não nos impedirá, amanhã, de combater não importa que governo, recusando submetermo-nos à lei toda vez que isto nos for possível, e opor a força à força.

Toda vez que a autoridade é enfraquecida, toda vez que uma grande parcela de liberdade é conquistada e não mendigada, é um progresso rumo à anarquia. Da mesma forma, também é um progresso toda vez que consideramos o governo como um inimigo com o qual nunca se deve fazer trégua, depois de nos termos convencido que a diminuição dos males por ele engendrados só é possível pela redução de suas atribuições e de sua força, não pelo aumento do número dos governantes ou pelo fato de elegê-los pelos próprios governados. E por governo entendemos todo homem ou agrupamento de indivíduos, no Estado, nos Conselhos, na municipalidade ou na associação, que tenha o direito de fazer a lei ou de a impor àqueles a quem ela não agrada.

Não podemos, no momento, abolir a propriedade individual, não podemos neste instante dispor dos meios de produção necessários para trabalhar livremente; talvez ainda não possamos quando de um próximo movimento insurrecional; mas isto não nos impede, a partir de hoje, assim como não nos impedirá, amanhã, de combater continuamente o capitalismo. Toda a vitória, por menor que seja, dos trabalhadores contra o patronato, todo esforço contra a exploração, toda parcela de riqueza subtraída aos proprietários e posta à disposição de todos, será um progresso, um passo rumo à anarquia. Assim, também, será um progresso todo fato que tenda a aumentar as exigências dos operários e a dar mais atividade à luta, todas as vezes que pudermos encarar o que tivermos ganhado, como uma vitória sobre o inimigo, não como uma concessão à qual deveríamos ser agradecidos, toda vez que afirmamos nossa vontade de tomar pela força, aos proprietários, os direitos que, protegidos pelo governo, subtraíram dos trabalhadores.

Uma vez desaparecido da sociedade humana o direito da força, os meios de produção colocados à disposição daqueles que querem produzir, o resto será resultado da evolução pacífica.

A anarquia ainda não estaria realizada ou só o estaria para aqueles que a desejam, e somente para as coisas em que o concurso dos não-anarquistas não é indispensável. Ela se ampliará, assim, ganhando pouco a pouco os homens e as coisas, até abraçar toda a humanidade e todas as manifestações da vida.

Uma vez desaparecido o governo, com todas as instituições nocivas que protege, uma vez conquistada a liberdade para todos assim como o direito aos instrumentos de trabalho, sem o qual a liberdade é uma mentira, só pensamos destruir as coisas à medida em que pudermos substituí-las por outras. Por exemplo: o serviço de abastecimento é mal feito na sociedade atual. Ele se efetua de modo anormal, com grande desperdício de forças e de material, e somente em vista dos interesses dos capitalistas; mas, em suma, de qualquer modo que se opere o consumo, seria absurdo querer desorganizar este serviço, se não estamos prontos a assegurar a alimentação do povo de uma forma mais lógica e eqüitativa.

Existe o serviço dos correios, temos mil críticas a fazer-lhe, mas, no momento, servimo-nos dele para enviar nossas cartas ou para recebê-las, suportemo-lo, portanto, enquanto não pudermos corrigi-lo.

Existem escolas, infelizmente muito ruins, entretanto não desejaríamos que nossos filhos permanecessem sem aprender a ler e a escrever, esperando que possamos organizar escolas-modelos suficientes para todos.

Vemos, portanto, que para instaurar a anarquia não basta ter a força material para fazer a revolução, mas é também preciso que os trabalhadores associados, segundo os diversos ramos de produção, estejam em condições de assegurar, por eles próprios, o funcionamento da vida social, sem o auxílio dos capitalistas e do governo.

Pode-se também constatar que as idéias anárquicas, longe de estarem em contradição com as leis da evolução estabelecidas pela ciência, como o garantem os socialistas científicos, são concepções que se adaptam perfeitamente a elas: é o sistema experimental, transportado do campo das pesquisas para o das realizações sociais.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

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MOVIMENTO DAS REDES 



sábado, 11 de fevereiro de 2012

TODA SOLIDARIEDADE ÀS FAMÍLIAS DE PINHEIRINHO!



Por Fórum do Anarquismo Organizado – FAO

Desde o dia 05 de janeiro cerca de nove mil moradores da comunidade do Pinheirinho (São Jose dos Campos/SP) estão sendo perseguidos e intimidados por uma operação policial a mando dos governos Municipal e Estadual. As mentiras veiculadas pelos meios de comunicação colocam os moradores como criminosos foragidos.

Porém, a área do Pinheirinho, ocupada há oito anos, pertence à massa falida da Selecta S/A, de propriedade do especulador financeiro Naji Nahas. Antes de ser ocupada, era uma terra que ficou abandonada por 30 anos, com mais de 1 milhão de metros quadrados. A massa falida da Selecta tem uma dívida superior a R$ 15 milhões em impostos com o município de São José dos Campos.

Através da ação direta, a comunidade da ocupação Pinheirinho demonstra legitimamente o direito ao uso deste terreno que estava servindo apenas à especulação imobiliária.


A desocupação de uma área como o Pinheirinho significa negar ao povo o direito à moradia e não só isso, a utilização da polícia atenta contra a vida daqueles lutadores, que não cederam a nenhuma injustiça por parte daqueles que nos roubam todos os dias.

A recente liminar expedida pela justiça federal já pode ser considerada como uma parcial conquista do povo organizado. Independente das disputas partidárias entre os distintos governos, a força dos moradores em luta demonstra a capacidade do povo em impor à sua vontade.

Como povo, ficamos do lado daqueles oprimidos, que sem um lugar para criar seus filhos e dormirem protegidos do frio, encontram em abrigos não dignos um lar e vão lutar com todas as suas forças, paus e pedras para defender o que lhes é de direito. Sem medo de armas, falsos discursos ou mentiras as quais já estamos cansados de ouvir!

Nem casa sem gente, nem gente sem casa!

Resista Pinheirinho!

Fórum do Anarquismo Organizado

Criar um povo forte!

Repressão, abolição de ideologias!

DNOCS X convivência com o Semiárido



Operar no Semiárido sem conhecer sua história é voltar a cometer os erros crassos do passado
Roberto Malvezzi (Gogó)

O Departamento Nacional de Obras contra a Seca (DNOCS) foi criado em 1909, ainda como Inspetoria de Obras Contra a Seca (IOCS), depois como Inspetoria Federal de Obras Contra a Seca (IFOCS). Durante décadas foi considerado como a maior empreiteira da América Latina.

A concepção do Departamento era equivocada em si mesma, isto é, combater a seca. Claro, nenhum país do mundo criou algum departamento para combater a neve, ou combater a chuva, ou combater o deserto. Entretanto, em sua longa existência, o Departamento construiu a maior açudagem do mundo, cerca de 70 mil, com capacidade para armazenar 36 bilhões de metros cúbicos de água de chuva. O Prof. João Abner, hidrólogo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, costuma dizer que, antes desses açudes, o semiárido era mesmo um deserto. Afinal, o que sempre faltou não foi chuva, mas a capacidade de armazenar a água que a chuva oferece.

Acontece que o Departamento criou ilhas de água, mas nunca fez sua distribuição horizontal. Essa lacuna fundamental é hoje admitida até por quem já esteja na chefia do órgão por quase uma década, como Manoel Bonfim Ribeiro. Essa é a proposta fundamental do Atlas do Nordeste, diagnóstico feito pela Agência Nacional de Águas para o meio urbano da região.

Mas, foi ali também que a chamada “indústria da seca” grassou como praga. Sempre exigindo novas verbas para novas obras, foi o ralo do enriquecimento pessoal de multidões de coronéis nordestinos, que fizeram a maior parte dos açudes e poços em suas propriedades particulares, além de construírem seu poder econômico e político manipulando a sede do povo. O que aconteceu esses dias com o apadrinhado do deputado Henrique Alves é apenas uma amostra grátis de décadas de drenagem do dinheiro público para cofres particulares.

Em 1959, intelectuais como Celso Furtado, setores da Igreja como dom Hélder Câmara, propuseram a criação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). Em seu discurso inaugural, Celso Furtado pronuncia a expressão “convivência com o semiárido” - retirando do centro o enfoque no combate à seca e focando a industrialização - que já tinha lastro em outros intelectuais da academia nordestina. Mas, na lógica do capital e do patrimonialismo, a Sudene repetiu a indústria da seca do DNOCS. Com a criação da Sudene, o Departamento perdeu poder.

Esses dias a presidenta Dilma Roussef disse que não iria mais fazer a parceria com a Articulação no Semiárido Brasileiro, que tirou do papel a lógica da convivência com o Semiárido e a fez realidade. Com um fiapo de dinheiro e tecnologias simples, tem um impacto social maior na população mais pobre que cem anos de DNOCS. Agora o governo voltou atrás e disse que vai prosseguir na parceria, mas vai continuar com sua distribuição de 300 mil cisternas de plástico pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), pelas mãos do ministro Fernando Bezerra Coelho. Portanto, uma no cravo e outra no calo do povo.

Operar no Semiárido sem conhecer sua história é voltar a cometer os erros crassos do passado. Um pouco de humildade do governo evitaria tamanho descalabro, como as cisternas de plástico e a nova cara dessa nefasta indústria da seca, agora como hidronegócio materializado na Transposição.

Dilma tem feito um esforço arretado para ressuscitar a indústria da seca.


Roberto Malvezzi (Gogó), é músico e escritor de Juazeiro (BA), coordenador nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT).

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

AVISO – DCE/UEVA


Atenção aos alunos que estão com problemas de matrícula ou com assunto pendentes com a PROGRAD.
O Diretório Central dos Estudantes (DCE-UVA) convoca os alunos para preencherem um formulário na qual irão relatar o problema, sendo dessa forma direcionada diretamente a PROGRAD na busca pela solução dos eventuais problemas.
Desde já agradecemos a atenção e esperamos a participação de todos na ideia da mudança deste falho sistema da UVA.

Diretório Central dos Estudantes – DCE/UVA

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Em defesa dos nossos coletivos



Os debates em torno da mobilidade urbana das grandes cidades brasileiras têm ganhado cada vez mais força e relevância, tanto pelos problemas cotidianos de tráfego quanto pelo discurso em prol de um estilo de vida mais sustentável. Especialistas e leigos são unânimes em afirmar que boa parte da situação caótica de nossas ruas e avenidas poderia ser amenizada se as administrações municipais, estaduais e federal investissem maciçamente em uma real melhoria das condições de acesso e uso dos transportes coletivos, como os ônibus, trens e metrôs.

É de se lamentar o fato de que, recentemente, algumas capitais como Teresina (PI) e Vitória (ES) tiveram aumentos nas tarifas de coletivos, fato que provocou a legítima indignação dos usuários. Fortaleza não está livre de um futuro aumento, mesmo que o slogan de possuir uma das passagens menos caras do Brasil seja fartamente utilizado nas próximas eleições em benefício do candidato escolhido pela atual prefeita. Ao permitir que empresários do ramo rodoviário manipulem os preços das passagens, muito provavelmente movidos pela sede de lucro e sem uma real preocupação em trazer qualquer benefício ou conforto adicional que justifique os aumentos, os gestores eleitos pelo povo matam qualquer discurso "verde" e qualquer possibilidade concreta de melhorar o fluxo urbano.
O elevada tarifa, aliada à sensação de insegurança e ao desconforto das viagens, especialmente quando os veículos estão lotados, servem como desestímulo ao seu uso. Pior ainda é a situação das mulheres, por serem vítimas potenciais de violência sexual, algo que infelizmente é naturalizado e retratado com deboche por programas "humorísticos" de TV como o Zorra Total, exibido pela Rede Globo.

Se uma pessoa adquire condições de comprar o seu próprio veículo, ela o fará movida pelo seu próprio conforto e pelo descrédito no uso dos ônibus, metrôs e afins. A mobilidade urbana e a preservação do meio-ambiente são temas deixados de lado quando essa pessoa se sente lesada pelas ineficácias do transporte coletivo e tem suas pressas pessoais. Mesmo sendo uma postura compreensível, não está certa. Se quisermos realmente evitar o colapso urbano, é fundamental lutar por transportes coletivos que tenham preços justos e condições concretas de conforto e segurança.

Fonte: Blog Rabiscos da Débora

Pinheirinho, Brasil e a tragédia do desenvolvimento

O Brasil se tornou um imenso canteiro de obras. O problema é que há gente morando nos locais onde se quer construir.


Leonardo Sakamoto






Então, para garantir que ninguém interrompa este país (que caminha impávido para cumprir seu destino glorioso), remove-se, expulsa-se, retira-se. Degreda-se. Para onde? Pouco importa, contanto que não atrapalhe a marcha.
E isso se aplica à construção de casas, escritórios, estradas, hidrelétricas, estádios de futebol.
Certo dia, um fazendeiro português com terras no Mato Grosso disse a Pedro Casaldáliga, símbolo da luta pelos direitos do campo no Brasil, para justificar o injustificável: “Dom Pedro, o senhor é europeu, o senhor sabe. As calçadas de Roma foram feitas por escravos. O progresso tem seu preço”.
O uso da porrada como instrumento de cumprimento de ordem legal varia caso a caso. Mas a violência está presente em todos eles, com bala de borracha ou não. Afinal de contas, existe maior atentado contra a dignidade humana que a remoção forçada de pessoas, no campo ou na cidade, que não têm para onde ir?
Adoro quando o governo diz “estávamos apenas cumprindo ordens”, mesmo quando todos sabemos que não havia condições para que a execução dessas ordens fosse feita de forma a respeitar a dignidade da população. Há sempre a possibilidade de dizer “não”, a Constituição garante isso ao poder público. Mais importante que um cumprimento imediato é um resultado pacífico. Em Nuremberg, o “cumprir ordens” foi amplamente usado. Lá, não colou. Aqui, cai como uma luva.
Cada um tem sua parcela de responsabilidade, apesar do Fla-Flu político instalado na internet queira demonstrar que não.
Falar sobre a política higienista de São Paulo e de seus governantes, estaduais ou municipais, é quase chover no molhado. Afinal de contas, as empreiteiras e os especuladores imobiliários estão lá, doando recursos de campanha, emprestando parentes para cargos públicos, influenciando o cumprimento e o não cumprimento de regras (o plano diretor da cidade de São Paulo que o diga).
Além do mais, a sanha punitiva do Estado-locomotiva (sic) da nação é grosseira, tendo – na maioria das vezes – como alvo a massa de sem-teto, sem-terra, dependentes químicos, pobres, enfim, os rotos que ousam ficar no meio do caminho. São Paulo é a prova viva do que ocorre com uma sociedade quando ela não digere e entende o seu passado. Ainda usamos métodos dos verde-oliva da ditadura, pois não refletimos como povo sobre eles após o fim dela, simplesmente anistiamos. Mudam-se os rótulos, ficam as garrafas. Qual a diferença de descer porrada em indígenas no Amazonas e Roraima para construir uma estrada durante a Gloriosa e lançar balas de borracha em uma comunidade pobre em São José dos Campos para, quem sabe, erguer um empreendimento?
Em São Paulo, Maria Aparecida foi mandada para a cadeia por ter furtado um xampu e um condicionador. Perdeu um olho enquanto estava presa. Sueli também foi condenada pelo roubo de dois pacotes de bolacha e um queijo minas. São dois, mas poderia ter dado muitos outros exemplos que ocorreram no Estado mais rico da nação. Aqui, a Justiça tem cumprido a letra da lei em casos de reintegração de posse contra sem-terra e sem-teto, mas é morosa na análise de casos de desapropriação de áreas griladas que deveriam retornar à coletividade (ah, é rápida também para adiantar parcelas de auxílio-moradia a alguns magistrados que são mais iguais que os outros). Isso sem contar que, para executar as ordens, administradores são implacáveis com pequenos e delicados com os grandes.
Mas dá paúra ver setores do governo federal, como a Secretaria Geral da Presidência, ultrajados com a tragédia humana que está ocorrendo em São José dos Campos, ao passo que a União está jogando o trator em cima de ribeirinhos, camponeses e indígenas para a construção de usinas hidrelétricas, como a de Belo Monte, no Pará. Em nome do progresso – o mesmo do fazendeiro interlocutor de Casaldáliga citado acima. Como já disse, violência estatal não é só dar porrada com cacetete. Ela pode vir através de financiamento também. É mais limpo e não cheira a gás.
Ultraje, passageiro, diga-se de passagem. Pois Gilberto Carvalho, o ministro que teve um secretário atingido por bala de borracha na desocupação do Pinheirinho, primeiro reclamou de como ela ocorreu. Depois, amenizou. “Não vou dizer que é imperdoável, mas é grave”.
E, antes que me esqueça, empreiteiras também são grandes doadoras de campanhas federais.
O governo brasileiro inundou o país com bilhões em recursos para a construção, com o objetivo de modernizar a infra-estrutura e erguer moradias, girando a economia. Só que “esqueceu” de uma coisa: com o mercado imobiliário aquecido, a busca por áreas urbanas para a incorporação levaria à expulsão de comunidades pobres que disputam a posse de terrenos. Se a Justiça considerasse sempre a função social da propriedade para tomar suas decisões, como está previsto na Constituição Federal, a história seria diferente e essas comunidades teriam direitos preservados. Mas se o Coelhinho existisse, talvez eu tivesse ganho o ovo de chocolate que tanto queria na última Páscoa. Ou se Papai Noel fosse de carne e osso, obras para a Copa não desalojariam ninguém de forma questionável.
O Planalto não se planejou para esses impactos da transformação do país em canteiro de obras. Para falar a verdade, não planejou muita coisa nessa área.
A questão trabalhista na construção civil está uma calamidade – os protestos na usina hidrelétrica de Jirau, que levaram a um quebra-quebra no ano passado, são a cereja do bolo. Pipocam manifestações de trabalhadores nas obras de estádios para a Copa do Mundo, como em Recife e no Rio de Janeiro, e casos de trabalho escravo (artigo 149 do Código Penal) em obras de moradia. Até em empreendimentos pertencentes ao “Minha Casa, Minha Vida” o Ministério do Trabalho e Emprego já libertou gente, como noticiei aqui.
E querem saber o melhor de tudo isso? O grosso da população brasileira não se importa. Assiste ao Estado tocar o diabo em uma comunidade. Acha um absurdo exageros, como todo cordial brasileiro, mas também não se importa em saber como o seu apartamento, energia elétrica, estrada ou estádio foram feitos. Quer ser abençoado e permanecer na ignorância.
Lembro-me do ensaio “O Fausto de Goethe: A Tragédia do Desenvolvimento”, de Marshall Berman. Trata da ambigüidade destes tempos de constante transição, nos quais o homem encaixa-se no contexto da modernidade da forma como consegue e da forma em que as circunstâncias permitem. Um tempo de paradoxos. Fausto é um personagem que tem altos e baixos: encanta e fascina, surpreende e decepciona. Não é possível traçar um caráter para ele, pois ele não o possui. Assim como todo o sistema, é mutável – uma metáfora do desenvolvimento capitalista.
Fausto vendera sua alma em troca de experimentar as sensações do mundo. Mas o diabo não é o Lúcifer da cristandade, não representa o mal em si, mas sim o espírito empreendedor capitalista e burguês. A mentalidade que fomenta Fausto (“destruir para criar”) é a realidade em constante movimento (Mefistófeles perguntava a ele se Deus não havia destruído as trevas que reinavam no universo para poder criar o mundo).
Essa destrutividade criativa pode ser encontrada no caso de Filemo e Baúcia, um casal de idosos. Ambos eram um empecilho para os planos do empreendedor Fausto e precisavam ser removidos. Quando Mefistófeles queima a casa deles, os assassinando, não quer Goethe provar a sua maldade, mas expor exatamente o contrário: joga-se a negatividade fora criando o princípio fictício que o mal (o casal idoso) pode ser estirpado da sociedade. Caem os limites morais. O desenvolvimento da modernidade não possui padrões éticos, além da ética que cria para si mesmo.
Para parte da população brasileira, o Pinheirinho era um mal a ser extirpado em nome do progresso e do futuro.
Mundo triste. Demais.


sábado, 4 de fevereiro de 2012

ATENÇÃO: A UVA está oferecendo esmolas aos estudantes...

SEM RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO, OS ESTUDANTES DE FORA IRÃO SOBREVIVER EM SOBRAL COM AS ESMOLAS DO ESTADO!
COMPROVE PARA A UNIVERSIDADE QUE VOCÊ É LISO, SEM GRANA, E QUE CALADO CONCORDA COM A FALTA DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL DESTA INSTITUIÇÃO...!
EM TROCA ELES IRÃO LHES OFERECER UMA CERTA QUANTIA EM DINHEIRO...
VAMOS TODOS EM FAVOR DO NOSSO RESTAURANTE, R.U JÁ!


quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

O IIRSA e a Resistência dos Movimentos Populares

O IIRSA (Iniciativa para Integração da Infra-estrutura Regional Sul-Americana) é um programa estabelecido pelos governos de 12 países na América do Sul, com o objetivo de integrar fisicamente esses países mediante ações conjuntas nas áreas de transportes (rodoviário, portuário, aeroportuário, hidroviário, etc), energia (oleodutos, gasodutos, redes de energia elétrica, etc), logística (quebra de barreiras aduaneiras, mercados de fretes e seguros, etc) e telecomunicações, levando em conta estradas, rios e hidrelétricas.
Esses projetos, já em curso em todos os países integrantes, são financiados e impulsionados por organismos multilaterais, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a Corporação Andina de Fomento (CAF), o Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), do Estado brasileiro, etc. As construções em curso, e de tamanha infra-estrutura, que sem dúvida levarão os países da América do Sul a um aumento exponencial da sua dívida externa, servirão para fundamentalmente maximizar a exploração dos nossos recursos naturais, acelerar o processo de abastecimento dos mercados internacionais com esses recursos e beneficiar as empresas transnacionais. O “desenvolvimento econômico” para a região que se intenta com esse plano promoverá as condições necessárias para a reprodução do sistema capitalista, por meio da abertura dos mercados mundiais, promoção da iniciativa privada e retirada dos Estados da atividade econômica direta. O que significa uma nova ofensiva, em consonância com tratados de livre comércio estabelecido entre os Estados Unidos e alguns países da região, para a ampliação do modelo neoliberal na América do Sul.
Diante dos objetivos declarados abertamente pelos organismos multilaterais por trás do IIRSA, de promover a abertura da região para os mercados internacionais, sabemos que toda essa infra-estrutura não promoverá o desenvolvimento sócio-econômico da região, mas consolidará ainda mais o espólio das nossas riquezas naturais, perpetuando o histórico de região periférica abastecedora do capitalismo internacional.
O que somente continuará enriquecendo as classes dominantes e manterá as veias do nosso continente abertas para o saque. Como conseqüência de tal modelo haverá, inegavelmente, ocupação de terras indígenas, remoção inteira de populações locais, alterações em leis ambientais, etc. Só no Brasil, por exemplo, das 137 unidades de conservação, metade será afetada por projetos ligados ao IIRSA, o que, sem dúvida, provocará sérios impactos ambientais. Por essas razões, entendemos que o plano IIRSA e o modelo de desenvolvimento que fomenta provocarão mais perda de soberania, precarização do trabalho, desigualdade social e roubo dos recursos naturais do continente.
Dado a forma como esse plano vem sendo implementado desde o seu início, em 2000 – com total desconhecimento social, silêncio dos governos e das mídias corporativas, sem qualquer consulta às populações locais que já estão sendo afetadas por ele e as que ainda serão – e a abrangência de suas ações conjuntas, que operarão em todo o continente, diversas organizações populares pelo continente, muitas delas reunidas no IX Encontro Latino Americano de Organizações Populares Autônomas (ELAOPA), ocorrido em São Paulo no mês de janeiro, concordaram ser de fundamental importância que o IIRSA seja um tema em torno do qual os movimentos devem atuar nos próximos anos. O IIRSA é só um dos motivos dentre os quais os movimentos populares podem e devem se organizar. Sabemos que as necessidades nos unem em torno das mais diferentes questões: aquelas relativas ao campo do trabalho, à moradia, à terra, aos serviços públicos, aos recursos naturais, à comunicação, à cultura, às opressões de gênero, raça e etnia, à educação, dentre tantas outras. São questões que resultam da sociedade de classes em que vivemos, em que um pequeno grupo das classes dominantes detém o poder e as grandes maiorias são oprimidas, exploradas, dominadas.
A intervenção nesta correlação de forças só é possível por meio da organização, quando nos associamos aos nossos semelhantes e, juntamente com eles, construímos alternativas de luta. A essas organizações, que unem pessoas que fazem parte do campo oprimido e que se articulam em torno das necessidades, dá-se o nome de movimentos populares ou de movimentos sociais. Unindo a necessidade, a organização e a vontade que temos de transformar a sociedade, conseguimos potencializar nossas forças e unidos, intervir de maneira mais adequada na realidade. O principal problema que hoje enfrentamos é a falta de mobilização das classes oprimidas que, em sua ampla maioria, estão desorganizadas e sem contribuir efetivamente no processo de luta de classes dentro do qual estamos inseridos. Portanto, mobilizar, realizar o trabalho de base, organizar para a luta e para a resistência parece uma necessidade das mais importantes.
No entanto, não basta qualquer tipo de organização. Quando estivermos mobilizando, realizando trabalho de base e criando movimentos sociais, devemos estar atentos para que estes contribuam com o nosso projeto de transformação social. Infelizmente, hoje em dia, os diversos setores que estão organizados, na imensa maioria, não contribuem neste sentido e a razão disso ocorrer é por estarem completamente burocratizados.
É fundamental, por este motivo, além da criação de novas organizações, que nossa militância participe de movimentos já existentes.
Em ambos os casos, é imprescindível a promoção dos princípios que nos unem, como por exemplo aqueles que fundamentam o ELAOPA. A defesa da solidariedade e da independência/autonomia de classe, da solidariedade, da luta popular e da democracia de base, no intuito de construir o poder popular em nossas terras, materializa esta forma de trabalho dos movimentos populares.
Acreditamos que, associadas nos movimentos sociais, as classes oprimidas devem se organizar com base na solidariedade de classe, criando a possibilidade de trabalhos conjuntos e alianças entre os diversos setores do povo, ou seja, das classes oprimidas (trabalhadores da cidade do campo, precarizados/desempregados, etc.) sem priorizar uma ou outra fração de classe. É também fundamental saber manter a independência/autonomia de classe, naquilo que diz respeito aos partidos políticos, aos governos, às empresas, ONGs e outros que não se encontram do nosso lado na luta de classes. Além disso, a hierarquia deve dar lugar às decisões democráticas a serem tomadas pelas próprias bases dos movimentos, o que é fundamental para irmos criando hoje a sociedade em que queremos viver amanhã.
É somente por meio da luta popular de massas, articulada nos movimentos populares, que poderemos acumular forças de maneira a conseguir vitórias no curto prazo e ir acumulando para um processo de mais longo prazo, quando nossa força poderá ser capaz de superar as forças das classes dominantes, tornando possível a construção de uma nova sociedade.
Quando defendemos que a construção do poder popular deve começar desde já, significa que este acúmulo de forças, sendo realizado a partir dos princípios colocados, pode começar a moldar a sociedade que queremos construir. Poder, neste sentido, não significa Estado e nem as suas instâncias, significa a superação das forças das classes dominantes pelas forças das classes oprimidas, um sistema de regulação completamente distinto, autogerido e decididamente democrático, em que não há exploradores e explorados, dominadores e dominados.
Popular, pois nosso projeto de poder é de classe, e se forja no seio das classes oprimidas, na luta e na resistência.

Federação Anarquista do Rio de Janeiro

CHARGE!!!

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

ATENÇÃO- ANÚNCIO

CURSO DE FORMAÇÃO POLÍTICA NO CCH- UVA

QUINTA E SEXTA

MANHÃ E TARDE

"ANÁLISE DE CONJUNTURA. SISTEMA CAPITALISTA, SEU REFLEXO NA UNIVERSIDADE."

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

NOTA DE REPÚDIO




No dia 30 de Janeiro de 2012, segunda-feira, na Universidade Estadual Vale do Acaraú, aconteceu um fato inédito em muitos anos, os calouros pela primeira vez não foram recebidos com toda pomposidade e formalidade costumeira, com presença do Reitor, Pró-Reitores e toda “panelinha” de engravatados. Vimos não apenas calouros, mas jovens cheios de sonhos e ânimo ao conseguir ingressar na Univesidade Pública, e ao chegarem tomarem um banho de água-fria, desorientados, não sabiam pra onde ir, o que fazer, teria aula ou não? Se sim, onde vai ser? Se não, “então acordei cedo e sai de ônibus da minha cidade a toa”? Magnífico Reitor, tenha ao menos consideração e respeito por estes jovens, eles fazem parte de uma pequena (infelizmente) parcela privelegiada que tem acesso ao ensino superior, e menor parcela ainda por estarem numa Universidade Pública, que deveria ser acessível a todos, qualquer galardão para eles é pouco. O que vimos que não faltou, foi guarda orientando onde estacionar carro, moto, bicicleta, jumento e disco voador, mas nada de orientar o estudante para onde ele devia ir, como funciona a Universidade, o que é cada Pró-Reitoria e etc.

Perguntamo-nos, comunidade universitária, porquê? Porquê, o Magnífico Reitor, uma vez que é grande arroz de festa, e adora bajular e ser bajulado, desta vez não cumprir este costume já quase institucionalizado nesta Universidade? A carência de professores, que já se tornou algo estrutural nesta IES, a falta de Assistência Estudantil na figura ausente dos R.U's( Restaurante e Residência Universitária), os ataques permanentes ao tripé da Universidade, ensino, pesquisa e extensão, a privatização progressiva e sorrateira da UEVA, a autocracia truculenta, que cala a voz dos estudantes, professores e funcionários técnico-administrativos, tornando a democracia apenas uma palavra distante da nossa relidade (nunca votei, nem fui ouvido, eu só ouço falar) sejam motivos suficientes para o chá de sumiço do REItor, seus conselheiros e apadrinhados, nem a Duquesa, Pró-Reitora de Graduação apareceu. Será que o novo Chefe de Gabinete da Reitoria (saudades Lira), ainda não se adaptou ao novo emprego, e no auge de relapsidade esqueceu de agendar tão importante evento pro Reitor? Duvido muito, ainda sustento-me na teoria da vegonha, do medo, da ação direta da comunidade universitária contra a precarização e sucateamente da UEVA, chegamos ao ponto de disciplinas serem ofertadas para Ensino a Distância (EaD), perdendo a inter-pessoalidade estudante-professor, e tornar inviável atividades de extensão.

CRÍTICA A PROGRAD




Companheiros aqui vocês vão conhecer a queridíssima PROGRAD: Pró Reitoria de Graduação.
Queridíssima por quê? Porque você caro estudante, só nas primeiras semanas do semestre fica indo e voltando da PROGRAD como ioiô ou barata tonta. E o pior é que os conselheiros – apadrinhados com narinas empinadas, querem transparecer que os alunos estão sempre errados, fingindo que não há falhas e negligência no atendimento ao estudante e no Sistema! Prepare-se pois até o dia de você se formar, companheiro, você fica tão íntimo, que, ou se torna um caso de amor ou de ódio.
Olha aí esse começo de semestre quanta bagunça: Muita gente nem consegue se matricular, imprimir seu comprovante de matrícula e o “problema era financeiro” ???
A falta de democracia interna na UeVA, que é uma universidade monarquista com uma pitada de coronelismo, atrapalha a organização e o bom funcionamento. Pois infelizmente só trabalham Funcionários que respondam humildemente: (sim Vossa Majestade ou Sr.Coronel!), e o REItor respondera: Pronto você esta dentro. Pois infelizmente muitos desses funcionários são comissionados pelo governo Estadual ou Reitoria quando deveriam passar por um processo de concurso efetivo.
É companheiro essa é uma triste realidade prova é, essa pró-reitoria que caminha mancomunado com o Rei, o coronel e seus conselheiros - apadrinhados.
Uma Universidade Democrática seria aquela que escolhemos Reitor, Vice-reitor, Pró- reitores, Diretores de Centro e Coordenadores. Uma Universidade na qual o Orçamento seja participativo, os projetos e programas sejam democratizados na comunidade acadêmica.
A PROGRAD só comprova a FALSA DEMOCRACIA QUE VIVEMOS NA UeVA!

CHARGE:

Soninha Francine acusa moradores do Pinheirinho de serem criminosos aproveitadores



A ex-apresentadora, ex-vereadora e celebridade filiada ao PPS esbravejou via twitter
A ex-apresentadora, ex-vereadora e celebridade filiada ao PPS, Soninha Francine, acusou via twitter, na manhã desta sexta-feira (27), os moradores desabrigados do bairro do Pinheirinho, em São josé dos Campos, de serem criminosos aproveitadores. "São criminosos tirando vantagem da situação, não apenas pessoas comuns defendendo suas terras" disse a ex-apresentadora.

Horas depois a celebridade reforçou seu pensamento. "Chamo criminosos de aproveitadores, SIM.O que é COMPLETAMENTE diferente de chamar desabrigados de criminosos". Em seguida Francine colocou um link para o seu blog (http://www.gabinetesoninha.blogspot.com) onde desenvolveu melhor (ou pior) o seu pensamento. "Se são trabalhadores, lamento, escolheram métodos de bandidagem. O que pretendem, "matar ou morrer"?".

Segundo Francine, o que justificaria sua opinião seriam as imagens da semana passada onde aparecem os moradores preparando-se para receber a PM.